16 de jul. de 2019

E a areia nos meus olhos é a mesma que acolheu minhas pegadas.

É, eu voltei. depois de um ano. e eu estou muito feliz por isso. Acho que a maioria das pessoas que lerão isso aqui já me conhecem e provavelmente já sabem muitas coisas, mas hoje trarei um lado mais sentimental e até então pouco comentado por mim. 




O Hopi Hari já foi o meu parque preferido. Sim, talvez muitas pessoas não saibam disso, mas, por uma parte da minha pré-adolescência e adolescência, eu era viciado em Hopi Hari, em meio ao boom da inauguração, de inúmeras reportagens na Eliana, de comerciais e afins, eu era um fã muito assíduo. Um dos primeiros sites do parque, lá no comecinho da internet (que eu ainda não possuía mas acessava da casa da minha tia) eu tenho muito fixo na minha mente, como se fosse de ontem, de tanto que acessei. Os anos passaram, e, o meu amor por um parque aqui da capital, que fica há alguns minutos da minha casa aumentou. Aumentou muito. Explodiu. Eu fiquei anos sem visitar o Hopi Hari e ao mesmo tempo me habituei a visitar o Playcenter praticamente semanalmente (já fui 4 vezes em uma mesma semana). Ao mesmo tempo, o Hopi Hari sempre foi uma montanha-russa na questão administrativa, e esse assunto me enjoava e também me afastava cada vez do parque. Em 2010 resolvi voltar ao parque, após anos sem visita-lo e me alegrei com algumas coisas que vi. No ano seguinte fiz meu primeiro anuali e passei a frequentar o parque com mais frequência (por frequência lê-se: poucas vezes ao ano comparado ao número de visitas ao parque da capital). 


algumas visitas icônicas durante a infância e adolescência

Em 2012 o Playcenter fechou, a pergunta que muitos me fizeram: agora o Hopi Hari é seu parque preferido? A resposta obviamente vinha de um cheio de certeza: NÃO. Até hoje o Hopi Hari não tomou e nunca irá tomar o que o Playcenter significou pra mim, mas, nos anos seguintes as coisas mudaram de figura. Em 2016 tirei minha carteira de motorista, e, na sede de dirigir, acabava caindo no Hopi Hari por ser gostoso de dirigir até lá. Relembrando o já saturado meme 'ai gabi, só quem viveu sabe', em 2016 o Hopi Hari estava quase no auge da decadência - só não pior que no primeiro semestre do ano seguinte, mas, mesmo assim era gostoso visitar o parque, pelas companhias, por ser o único parque de diversões em São Paulo e pela polêmica Hora do Horror. 
Nos primeiros meses de 2017 me abstive de visitar o Hopi Hari pois a situação estava deplorável. As atrações abertas cabiam nos dedos de uma mão, o parque absurdamente vazio, um clima de enterro que era impossível não ser sentido. Em 23 de Abril de 2017 estava eu, o Gustavo e mais umas 30 pessoas no parque, não aguentamos ficar e fomos embora. Dias depois, como já era previsto, o Hopi Hari fechou as portas, muitos acreditavam que pra sempre - eu também, até que um novo presidente apareceu e prometeu restabelecer o parque em aparentemente três meses. A internet ao mesmo tempo que apoiava, mais uma vez se via refém do pensamento 'será que agora finalmente vai?'. Durante esses três meses, acompanhamos diariamente fotos, vídeos, lives e textos do presidente mostrando reformas, comentando dificuldades e comemorando as tão difíceis vitórias de reerguer um parque praticamente sucateado.


mais algumas visitas especiais

05 de Agosto de 2017, o renascimento. A reabertura do país mais divertido do mundo. Um dia icônico, com todos os amigos de anos, personagens, fita de inauguração, parque renovado, atrações funcionando e um belíssimo show de fogos no final - é, belíssimo até um incêndio começar e um pequeno (mas controlado) tumulto nos assustar. O dia icônico tinha sido esquecido em meio ao choque. De onde estávamos não havia a dimensão do tamanho do incêndio e o que estava sendo queimado, só víamos as labaredas e muita fumaça. Retornamos para casa em silêncio no carro e tentando abafar os comentários na internet, que obviamente não deram certo e rapidamente se espalharam nos sites de notícia: 'Hopi Hari tem incêndio em sua reabertura'. Visitei o parque novamente no dia seguinte, 06 de Agosto, dessa vez com uma nova e tranquila queima de fogos como deveria ter sido no dia anterior. Naquele momento não teve como não se emocionar e torcer por um bom futuro pro parque. Continuei indo semanalmente ao parque, ir ao Hopi Hari se tornou prazeroso pois toda semana havia uma 'novidade'. Seja ela o retorno de uma atração, de um show, uma pintura, uma reforma. Foi muito bom acompanhar de muito perto os primeiros meses de retorno do país mais divertido do mundo, até que...


inúmeras visitas durante a nova gestão


Abril de 2018. Estreia do Hopi Night. Mais uma vez, estava entre muitos amigos no parque e prestigiando o início de mais um dos eventos. O dia era esperado por mim. Havia acabado de trocar de carro e pela primeira vez iria dirigi-lo, e, também, iria pedir meu pretendente em namoro. Tudo arquitetado minunciosamente na minha cabeça e até combinado com alguns amigos. Andar em muitas pessoas pelo parque é complicado, então, por falta de tempo o pedido não aconteceu (felizmente), mas um episódio que mudou meu ano de 2018 estava prestes a acontecer. Aproximadamente 19h40, em Kaminda Mundi, todos aguardavam o encerramento do Hopi Night, até que eu e meus amigos vimos o presidente do parque e resolvemos pedir uma foto com ele (ele estava com uma maquiagem neon, muito semelhante a da Mc Loma no clipe de Envolvimento e por isso resolvemos fotografar). Abordamos o presidente e fomos surpreendidos pela resposta: 'Eu vi o que você comentou na internet'. Me assustei. Naquela altura do campeonato eu era fã do parque, e, consequentemente existia um carinho e respeito pelo então presidente que fazia tudo aquilo acontecer, eu não havia falado mal do mesmo na internet, muito pelo contrário, já cheguei a defende-lo e até fui agradecido por isso. Achei que se tratava de uma brincadeira e relevei, minutos depois, o mesmo aparece rodeado de seguranças, aos berros, me expulsando do parque no meio do evento e das milhares de pessoas que estavam ali, assim como eu, esperando o encerramento do Hopi Night. Eu só sabia tremer. Eu não entendi o que estava acontecendo, tentei argumentar com os seguranças, que ríspidos quase não deixaram eu pegar minha mochila no Guarda-Volumes. Saí do parque com meus amigos, tremendo, em choque, sem entender o que aconteceu e todos em volta tinham a mesma reação. Dirigi 70km até minha casa, ainda tremendo e sem conseguir prestar atenção na rodovia, eu não sou dos mais fiéis, mas eu juro que naquele dia parecia ter alguém dirigindo por mim, pois eu não estava em condições psicológicas para enfrentar uma das maiores rodovias do país. No dia seguinte, domingo, entrei em contato com o presidente, tentando entender o que aconteceu, pois sem dúvidas se tratava de um enorme mal entendido, o mesmo não respondeu. Sendo assim, na segunda iniciei uma batalha judicial contra o mesmo e contra ao parque. Eu me sentia traído, me sentia injustiçado. Eu não tive a oportunidade de me explicar, fui expulso como um marginal do lugar que mais frequentei nos últimos meses e anos. Eu precisava de uma resposta. 
7 de abril de 2018, o dia que tudo aconteceu. 

No mesmo ano, em Junho, resolvi voltar ao parque com meus amigos e meu namorado e a a situação foi a pior do mundo. Eu precisei tomar 3 calmantes para entrar no parque, e, mesmo assim, dentro dele não tive paz. Tremi, suei, uma sensação horrível de estar fazendo algo errado, mesmo não estando fazendo. Não curti o dia e voltei pra casa ainda mais na sede de resolver isso. Duas audiências aconteceram e não houve acordo entre as partes, questionei sobre a possibilidade de um retorno ao parque e a advogada do parque disse que não poderia fazer nada por mim. Ainda assim, em agosto, estreia da Hora do Horror, resolvi voltar ao parque, pois era um dia especial onde estaria muita gente que gosto, além da estréia do principal evento do ano, mas, até então, eu não sabia que o Horror aconteceria as 4 da tarde. Logo na entrada ao parque, dei de cara com o presidente, que em minutos escalou todo o batalhão para me expulsar mais uma vez. Fui direcionado ao SAV, onde fui formalmente expulso pela advogada do parque por telefone (até hoje possuo a gravação dessa ligação) e pelos funcionários do marketing. Eu não acreditava que eu tava vivendo aquilo de novo, mais uma vez um batalhão de seguranças me levando escoltado até o carro como se eu tivesse cometido um crime dentro do país mais divertido do mundo - divertido pra quem? Tentei registrar um B.O na delegacia de Vinhedo mas infelizmente não obtive sucesso, a mesma só estava trabalhando com 'emergências'. Vim pra casa e a partir daí o pesadelo só começou. Tive crises de ansiedade, inúmeros pesadelos com o presidente e suas expulsões, tomei calmantes várias vezes, naquela época eu realmente não cheguei ao fundo do poço devido ao meu amor e aos meus amigos que tanto me acalmavam e me diriam para aguardar o melhor. E esse melhor aconteceu. Ganhei a batalha judicial contra o parque e o presidente em todas as instâncias. Obviamente, eu não merecia ser expulso do local, pois acima de tudo sou cliente e também não foram apresentadas provas contra mim. O tal comentário que eu havia feito na internet e que  tanto me acusaram até hoje não apareceu. Ainda aguardo o cumprimento da sentença, onde o parque já tentou recorrer e perdeu mais uma vez. O processo pode ser localizado facilmente na internet para quem tem interesse. Nesses meses que fiquei afastado tive um mix de emoções, pedi a falência e o fechamento do parque, as vezes chorava de saudade, morria de raiva e outras coisas que só passaram na minha cabeça. Por muitas vezes cheguei a comentar que mesmo que eu voltasse ao parque, não seria mais a mesma coisa. 


a segunda expulsão, em agosto. a de abril ninguém registrou devido ao choque.

Junho de 2019, acordo com a notícia que a presidência do parque havia sido trocada, sendo assim, eu estaria livre para visitar o mesmo novamente. Neste mesmo período, recebi um pedido de desculpas do ''causador'' de tudo isso. Minha vontade de voltar ao parque só aumentou, já que agora, eu estava sem problemas dos dois lados. E assim foi feito. Neste último sábado visitei o Hopi Hari após 11 meses da minha última ''visita'' e depois de quase 1 ano e meio da última visita decente. Eu estava muito ansioso. Estava eufórico por dentro. Por muitas vezes me senti o mesmo pré-adolescente que ia uma vez por ano (ou nem isso) nos anos 2000 e estava morrendo de saudades. Tive dificuldades para dormir na noite que antecipou o dia, acordei por muitas vezes para contar quantas horas eu ainda ia esperar para ir ao parque. Até que chegou o momento. Entrei mais uma vez no Hopi Hari e eu estava literalmente explodindo de felicidade. Eu nunca imaginei que seria tão bom estar lá novamente. Tive um dia incrível e mágico com todos que me acompanharam nessa data tão importante pra mim que agora eu só posso agradecer a todos por estarem lá. A sensação era tão boa e emocionante que parecia a primeira vez. Só eu sei o quão feliz eu estava. 


o merecido comeback depois de um ano


O futuro ainda é incerto. Estou sem meu passaporte anual (que foi cancelado em minha última expulsão) e sem disposição a gastar dinheiro no local que até hoje aguardo receber indenização pelos danos morais causados naquele fatídico dia. Mas, não posso deixar de dizer que já não vejo a hora de voltar e de poder curtir mais dias incríveis naquele local, como sempre foram. 

Danki (Obrigado) e Tchauí!