31 de ago. de 2015

''Cuz all that really matters are the steps you take...''

É incrível como eu só posto nesse site quando eu to na nostalgia, quem é de fora e para pra ler acha que eu tô sempre na depressão, mas até que não. Eu gosto de viver o presente, amo minha vida, mas  eu também curto muito relembrar o passado, e com esses aplicativos do tipo timehop e o 'on ths day' do Facebook, fica ainda mais fácil de lembrar.

O meu passado foi muito bom (que esquisito falar 'meu passado', parece que eu tenho 40 anos). Sinto muita falta da escola, e fico muito surpreso quando encontro alguém que diz que não sente um pingo de falta, como conseguem? Pra falar a verdade, tem dois anos da escola em que eu prefiro esquecer, a 5º e a 6º série. Eu sempre fui muito bem criado pelos meus pais, praticamente numa bolha. Estudei no melhor colégio da região (reconhecido pelos jornais), onde todo mundo era ''filhiho de papai'', não no sentido de dinhero, e sim que eram crianças bem bajuladas vamos dizer assim. Ali não tinha maldade. Lembro o nome de todas as professoras, lembro como eu era feliz naquela escola e de alguns momentos que lá passei. Quando eu mudei pra 5º série foi totalmente o contrário. Muita gente na sala, gente desrespeitosa, que tumultua, foi um universo completamente diferente, eu lembro até hoje do choque de realidade que eu tive que tomar. Claro que as coisas não mudam de um dia pro outro, então nesses dois anos eu tive que penar muito pra conseguir manter-me firme. Fiz amigos maravilhosos, eles foram toda a base, apenas essa parte valeu a pena. Sofri muito bullying, da 5º até a 8º, mas, principalmente entre a 5º e a 6º onde eu era criança e ainda não conseguia me defender muito bem, era totalmente sonso e ingenuo. Me lembro como se fosse ontem de chegar na escola com um fichário lindo do Mickey achando que eu tava abalando numa sala cheia de moleques mais velhos que eu, mais maduros que eu usado caderno da bad boy, de times e de outras coisas que eu nem lembro. Pra quem tiver pensando ''nossa, ele usava um caderno do mickey na 5º série'', mores, eu usei um do toy story na faculdade, vocês sabem como sou, haha.

Não quero me fazer de coitadinho, de sofrido, mas foi bem punk ter que aturar todo o machismo durante vários anos. Se hoje com a sociedade UM POUCO mais cabeça aberta ainda vemos muitos casos de preconceito, imagina há mais de 10 anos atras. Eu nasci com esse jeito 'viado' de ser, mesmo que eu não beijasse rapazes ou as vezes nem me interessava, um tinha um jeito de viado que incomodava os outros, e as vezes até a mim mesmo. Era tudo muito natural. Eu nunca forcei a barra, principalmente em um lugar onde não era o meu ''habitat''. Eu me sentia péssimo em ver várias pessoas me chamando de viado e eu realmente não tinha feito nada intencionalmente para ser chamado daquilo, era o meu jeito de ser, e eu não conseguia mudar, até tentei, comprei cadernos ''mais masculinos'', tentei falar mais masculinizado, embora não sabia exatamente o quão afeminado eu era, mas nunca deu certo. Mas tudo bem, da sétima série em diante a banda podre da sala saiu, praticamente todos me respeiavam, pelo menos dentro da sala, do lado de fora ainda corria o preconceito. Lembro de ser zoado nos corredores, de ouvir comentários do tipo ''sabia que você é um dos mais viados da escola?'', naquela época nem me abalava mais, eu cresci e tinha certeza da minha intimidade. Claro que não é gostoso ouvir xingos e coisas desnecessárias, mas aprendi muito mais a lidar com isso.

Do primeiro colegial em diante eu era um rei, todos na escola me conheciam (principalmente depois que eu pintei o cabelo de vermelho), eu podia ser o viado que eu fosse, era incrível. A sala inteira andou junto do primeiro ao ultimo ano com poucas alterações. Fui monitor de sala, a diretora e todos os professores me amavam, foi simplesmente incrível. Dessa parte exclusivamente é a que eu sinto mais falta. Eu me sentia livre, sem pressão, foi maravilhoso.
E é como eu me sinto hoje. Não tem nada melhor do que eu ser quem realmente eu sou. O Vitor me disse uma coisa no snap semana passada e eu fiquei tão feliz, ele disse mais ou menos que acha bonito eu ser do jeito que eu sou e nao ter vergonha, que eu faço as paradas e mostro pra todo mundo sem me preocupar com comentários, e é assim que eu me sinto. Eu gosto tanto de fazer minhas idiotices e postar na internet. Antigamente eu vivia brigando com todo mundo que pensava diferente de mim. Tem um monte de gente que não gosta de mim e hoje em dia eu não sei nem o motivo, por besteira do passado, eu era tão auto-confiante que achava que só eu era o certo e por muitas vezes discuti por besteira, por não aceitar a opinião dos outros.

Hoje em dia pratico o ''deboísmo'', se a pessoa gosta ok, se não gosta ok também. Claro que se eu ver uma coisa muito absurda eu vou comentar, ou as vezes comento só pra causar mesmo, mas no geral aprendi a respeitar as diferenças e no fundo gosto disso, quanto mais pontos de vista, mais abrimos a nossa mente pras coisas. Eu não conheceria muita coisa do mundo se não fosse por opiniões mostradas por outros amigos, na verdade o mundo é isso, compartilhar informações, necessárias (principalmente) e desnecessárias. =)

Com esse post eu quero mostrar pra todo mundo como é ser livre, tem tanta gente que se esconde em um ''falso personagem'', tanta gente que faz papel de hetero por ter medo da sociedade, de perder amigos, ou sei lá o motivo, não se escondam, a vida é muito melhor fora do armário, até seu reflexo no espelho muda, é uma sensação indescritível, acreditem.

Obrigado a quem leu, desculpem pelo vácuo de 4 meses, eu começo a escrever e não consigo terminar, ou as vezes acho que o assunto não é interessante e acabo desistindo. Não prometo voltar logo, mas prometo voltar quando meu coração mandar. ;) beijo!


(dica de hoje: ouvir ''Liberty Walk'' - Miley Cyrus)