23 de ago. de 2016

''E eu vi que eu podia mais do que eu sabia...

... eu vi a vida se abrir pra mim, quando eu disse SIM.''

Gente, eu tô dirigindo.

Pra quem acompanha o meu blog, sabe que há anos eu falo que vou tirar minha carteira de motorista, mas nunca tinha levado isso a sério, uma que eu não tinha dinheiro, outra que eu não acreditaria que o meu pai emprestaria o carro dele que ele morre de ciúmes para eu andar.

Enfim, em julho de 2015 meus pais me matricularam na autoescola, em agosto fiz as aulas teóricas e em novembro as práticas, até março. Só em julho recebi minha carta, demorou meses para eu fazer a segunda prova, eu reprovei na primeira vez e estava sem vontade de fazer a segunda, não entrava na minha cabeça que eu conseguiria dirigir.

Minhas aulas práticas foram péssimas, as primeiras foram boas, mas, como eu fazia só de sábado, havia um tempo muito grande de uma para a outra, e eram sempre a partir das 11h20, aquele sol fervoroso do meio dia, o carro mega quente me estressava, eu suava muito, o instrutor estava cansado da semana inteira e não via a hora da minha aula acabar (eu era a última aula da semana). Por um acaso (ou não), ele foi o mesmo instrutor do meu irmão (que fez as aulas em duas semanas – ele fazia de segunda a sexta), por isso o meu irmão teve um aproveitamento muito melhor, andou muito ‘em rua’ com o carro, mas, na prova, ele reprovou na baliza, então, o instrutor quis me treinar na baliza, fazendo com que, em todas as aulas eu fizesse apenas baliza, eu não aguentava mais, as últimas aulas foram uma tortura para mim, eu já estava cansado, praticamente desistindo.

Eu as vezes pegava o carro para dirigir e não conseguia sair do lugar, não tinha prática de andar em rua, fazia umas barbeiragens que só por Deus. Eu já não acreditava que conseguiria dirigir, de certo tempo pra frente isso se tornou uma certeza. Pensei que dependeria dos amigos e de transporte público pro resto da vida.

Quando a minha carta chegou, comecei a andar mais com o carro, uma vez que deixei de ser ‘fora da lei’ por andar sem carteira, e, era tudo um desastre da mesma forma. O carro morria milhares de vezes, dava tranco, freava bruscamente, eu morria de vergonha de andar com o meu pai, com a minha mãe eu ainda me sentia um pouco mais a vontade, mas ainda carregava uma tensão e um constrangimento nas costas que vocês não imaginam. A minha vida inteira eu sempre fui a sombra do Matheus, toda a família sempre acreditou mais nele que em mim, e, mais uma vez isso acontecia, o Matheus já tinha a carta dele, dirigia por São Paulo inteira, e eu não conseguia dar uma volta no quarteirão sem deixar o carro morrer (juro!). Nesse momento, eu apesar de ter muita força de vontade, pensei que não rolaria mesmo de dirigir. Fiquei umas 2, 3 semanas sem dirigir, havia perdido a vontade, já tinha colocado na minha cabeça que a CNH seria um documento como outro qualquer e não utilizaria ele para nada. 

Fui pra Piedade e o Alisson me fez pegar rodovia, de Sorocaba até a casa dele, eu tremia, nunca tinha pego uma rodovia, mas aceitei o desafio, e modéstia parte me saí bem, já me deu uma ponta de esperança. Na mesma semana, saí com meus pais e meu pai perguntou se eu queria levar o carro, aceitei, não sei se deveria, pois quase não consegui sair com o carro de tanto que morreu, mas tudo bem, peguei rodovia novamente e cheguei em casa, mesmo morrendo. Fui elogiado, que sei dirigir na rodovia e estava melhorando em rua, só precisava aprender a parar de deixar o carro morrer, até pesquisei em vídeo aulas no youtube algumas técnicas, mas nada muito diferente do que já havia aprendido em aula, mesmo que não tenha praticado muito.

Em um sábado, dia 12 de agosto, meus pais me chamaram para andar de carro, fomos até o Tucuruvi, na casa de uma amiga deles, eu não sei o que aconteceu neste dia, o carro morreu muito, muito, muito, muito. Meu pai falava o que eu tinha que fazer, mas de alguma forma eu não conseguia fazer e o carro morria, isso várias vezes no meio de ruas movimentadas, meu pai sempre foi estressado, eu também, a medida que eu ia piorando, ele também ia, até que começamos a brigar dentro do carro, um dia antes do dia dos pais, brigamos feio, de um gritar com o outro, comecei a tremer dentro do carro, mas ‘consegui’ chegar na casa da amiga deles. Imaginei que ele nunca mais falaria comigo e que nunca mais daria o carro na minha mão, mas não, a volta ele deu a chave na minha mão e falou que eu ia aprender nem que seja na raça. E foi o que aconteceu, eu fui da casa da amiga dele até um mercado, e depois do mercado pra casa, o carro só morreu uma vez, na hora de estacionar, e, em rua uma vez em um semáforo, comparado as milhares de vezes que eu morri na ida, eu estava sentindo como se estivesse vencido na vida. Não sei porque, mas eu consegui seguir exatamente tudo o que ele me ensinou na ida. No dia seguinte, fui com a minha mãe até o Metro Tucuruvi buscar o Cassiano, morreu uma vez na ida e nenhuma na volta, eu realmente tinha aprendido a dirigir magicamente depois de brigar com o meu pai.

Na mesma semana levei o Cassiano de volta, dessa vez sozinho, até o Metrô. Eu não queria ir, achei que não conseguiria, nunca tinha andado sozinho com uma pessoa que não tenha carta. Andei com o Ricardo, com meu pai, com minha mãe com o Alisson, sempre com o pensamento de ‘qualquer merda eu dou para eles dirigirem’, dessa vez não tinha isso, era eu e eu. Minha mãe me disse para ir, que não estaria disposta a sair comigo todos os dias para eu aprender, e, que eu tenho que perder o medo de andar na rua. Decidi ir, consegui ir e voltar, aquilo me deu uma felicidade tão absurda que eu queria mais, comecei a ficar viciado. No dia seguinte, chamei minha amiga para ir ao Center Norte, fomos e voltamos maravilhosamente bem. E, neste último domingo, quis um desafio ainda maior, fui até a Avenida Paulista com os bests, deixei o carro morrer duas vezes, uma aqui e outra lá. Tudo bem, não tem nem um mês que tenho a carta, e, teoricamente faz 1 semana que eu ‘aprendi’ a dirigir, então, pra mim ainda estou na tolerância, embora me cobre muito de ter deixado morrer, mesmo que seja longe e mesmo que tenha sido só uma vez.

Resumindo, porque já escrevi demais e já deve estar chato: eu mesmo me subestimei, duvidei da minha capacidade, e, agora to vendo que sou capaz SIM. Não me considero o melhor motorista da cidade de São Paulo, mas só de estar conseguindo andar sem fazer merda já me traz uma felicidade tão grande. Coitado dos meus seguidores do twitter e do Ricardo que me ouvem falando disso quando eu consigo pegar o carro para ir para algum lugar. Aliás, o Ricardo é o que mais me apoiou desde o começo das aulas, veio andar comigo várias vezes, me ensinou várias coisas via whatsapp, e tá louco para eu ir até a casa dele dirigindo, um dia eu vou, muito em breve, haha. Me sinto um pouco besta por ficar tão feliz com essas coisas, as vezes penso que os outros pensam ‘nossa, esse Adriano é tão trouxa, todo mundo sabe dirigir’, mas como eu não ligo pro que os outros pensam, além de postar no twitter, agora posto também no blog.

Enfim, esse post vai me fazer rir no futuro. Como mais uma vez fui imaturo. Espero aprender e melhorar cada dia mais, ainda não tenho coragem de fazer longos percursos sozinho, mas em breve vocês ainda vão me ver muito nas ruas de SP, me aguardem!


Um beijo!