19 de jul. de 2022

Tenho sonhos adolescentes, mas as costas doem.

 

Pois é, depois de mais de 10 anos cantando essa música, finalmente virei um legítimo ‘Aquele dos 30’ e eu posso dizer que minha vida virou de cabeça pra baixo desde o início do ano, em todos os sentidos possíveis e imagináveis.

Nos dias que antecederam meu aniversário, eu fiquei muito assustado e receoso com o que poderia vir. Infelizmente no ‘meio gay’ se você faz 30 anos, é o mesmo que fazer 60 e confesso que embora não concorde, já tinha essa ideia um pouco enraizada e me despertava muitos gatilhos, achando que eu não teria mais amigos, não seria mais bem-vindo nos lugares, que estaria velho demais para fazer coisa x ou y e por muito tempo isso me incomodou, até que um belo dia resolvi me expressar em um IGTV de quase 15 minutos. A resposta foi muito positiva, recebi o apoio que precisava, li coisas que me fizeram bem e dali em diante tudo mudou. Transformei tudo que me incomodava em força de vontade pra que fosse um ano épico, digno de 30 anos de vida e assim estou vivendo.

Festivais, baladas, rolês, realizações de sonhos, problemas pessoais, tudo tem acontecido depois dos 30. Sinceramente? As vezes me sinto como um adolescente de 15 anos que está descobrindo a vida. Eu sempre fui (ou tentei ser) o mais certinho, então sempre fiz tudo direitinho, hoje em dia eu vivo um pouco sem filtro e sem freio e tem me feito muito bem na maioria das vezes. Claro que não é como se eu tivesse me jogando do penhasco sem limites, mas tenho tentado deixar o Adriano mais chato e ranzinza dentro de mim e externalizado o Adriano mais legal.

Tem dias que eu simplesmente não sei explicar o que se passa dentro de mim, confuso dos pés à cabeça. É difícil pra minha cabeça associar uma vida inteira de um jeito e num piscar de olhos ela mudar totalmente. Ano passado saí da casa dos meus pais e vim morar com o amor da minha vida. É uma realidade totalmente diferente. Pagar conta é um saco, mas, pior que isso, o serviço de casa é um saco. A obrigatoriedade de fazer janta todos os dias me mata. Por mais que eu goste de cozinhar, as 18h minha vontade é deitar na cama e só levantar no dia seguinte e não ir pra boca do fogão pensar no que fazer pra então começar. Mas também não é de todo ruim, eu sempre gostei muito de cozinhar, as vezes eu invento umas receitas e tudo sai maravilhoso, o lado ruim é apenas lidar com o fato que a comida não vai aparecer no meu prato se eu não fizer. Por outro lado, claro, é maravilhoso poder ter uma casinha do jeito que eu e meu amor planejamos. Poder enfiar funko, pôster e qualquer coisa que seja em qualquer lugar. Fiz uma sala planejando no melhor conforto possível, com tv 4k, soundbar, sofá reclinável e tudo pra todo mundo ter a melhor experiência, é essa a ideia da DiHero House que está sempre em atualização. A nossa casa nunca está e nem nunca estará pronta. Eu amo receber meus amigos, se pudesse teria um por dia aqui. Quando eles vão embora eu sinto um aperto no peito, uma carência, inclusive talvez isso seja um gancho para o próximo assunto.

Ao mesmo tempo que me sinto muito mais próximo das pessoas, me sinto mais carente e como se eu precisasse de mais atenção do que já precisei. É muito doido isso. Há uns 14 anos minha amiga Jaqueline em uma conversa lançou que ‘O Adriano é uma pessoa que precisa ser conquistada todos os dias’ e isso me marcou muito. Eu concordo de todas as formas. E ultimamente eu sinto como se isso tivesse maior. Talvez pelo medo/insegurança dos 30 anos que já mencionei. É como se eu precisasse ouvir todos os dias um ‘oi, não te esqueci, viu?’ pra não achar que ta todo mundo me odiando ou que eu fiz alguma coisa de errado. Por outro lado, tenho consciência que todo mundo trabalha, estuda, tem responsabilidades e ninguém tem a obrigação de ficar me ‘bajulando’ todos os dias. É uma briga interna diária. Parte de mim entende tudo que eu penso e tenta resolver e outra parte parece que me sabota e coloca pilha nos pensamentos errados. Me sinto naqueles desenhos animados como se tivesse um anjinho e um diabinho, um em cada lado da minha orelha, me dizendo o que devo ou não fazer e brigando entre si.

Mas nem tudo é como se fosse um desastre. Como falei: esse ano tem sido INTENSO. Realizei algumas coisas pessoais, como emagrecer alguns kgs que me ajudaram na minha autoestima, realizei alguns sonhos como conhecer a Xuxa, eu e o Hero abrimos o relacionamento e eu finalmente pude sentir o prazer que é desejar alguém e poder ficar com essa pessoa (no caso: várias); Sempre fui muito bem resolvido desde a pré-adolescência, mas autoestima, coragem e afins nunca foram o meu forte. Hoje em dia sou bem desbocadinho e meio foda-se, eu falo muito do que vem em mente - me considero autêntico, inclusive – e tenho a autoestima necessária pra chegar em quem eu tiver que chegar e felizmente sou bem recebido em praticamente todos os casos. Mas... até isso que é tão bom as vezes mexe um pouco com nossa cabeça, nosso ego e nossas vontades. É uma montanha-russa de sentimentos. Falando em montanha-russa, tenho um novo lugar preferido no mundo: o Hopi Hari tem sido um ponto de escape muito bom pra mim, desde 2019 no meu retorno eu me sinto cada vez mais abraçado e mais em paz com aquele lugar. É tão engraçado pois cada vez mais parece mesmo que to vivendo um remake da adolescência, pois eu me sentia assim com o Playcenter também. Inclusive, se hoje em dia, grande parte dos meus amigos foram em decorrência do Playcenter, hoje também posso dizer que já tenho amizades verdadeiras vindas do Hopi Hari e isso me faz uma das pessoas mais felizes nesse quesito. Meus amigos (em geral) são maravilhosos e topam qualquer coisa que eu sugerir. Desde ir em uma balada em Campinas porque eu quero muito ficar com alguém até fechar uma sessão de cinema pra assistir um filme do meu personagem preferido de todos os tempos. As vezes sinto que eu deveria ser mais reciproco, mas eu juro que dentro de mim só tem amor purinho e que nunca deixarei faltar nada. Mesmo.

 A idade muda mas certas coisas não mudam: ainda não tenho planos pro futuro. Meu futuro vai no máximo até mês que vem, de acordo com meu planejamento. Para os próximos anos tenho algumas viagens que quero muito fazer com meu amor e meus amigos, mas, fora isso, talvez esse seja um dos meus maiores defeitos. Mas eu prometo que tentarei melhorar! Embora eu seja extremamente organizado pra algumas coisas, pra outras sou muito bagunçado e irresponsável e mais uma vez crio uma batalha interna entre o bem o mal. Confesso que geralmente o mal ganha pela minha preguiça e pela falta de força de vontade. 

Enfim, é isso. Depois de 3 anos sem escrever aqui, talvez eu tenha conseguido limpar um pouco do pó e tirar umas teias de aranha. Quem sabe eu não volte em breve falando sobre algum assunto engasgado ou um pensamento de última hora?

Obrigado por nunca desistirem de mim. Mesmo.

=)